sexta-feira, 16 de abril de 2010

O Ser Sem Nome! – Por Jenfte Alencar

Era uma das melhores sensações. Sempre tirava com ele meu estresse ou mesmo esquecia uma daquelas conversas chatas com os amigos. Já fazia até parte da minha perna, se bem do meu tecido, não, não, do meu corpo. Uma bolinha que ficava ali sem incomodar ninguém. Ninguém, nem mesmo eu. Você acha que eu me incomodava? Eu nunca me incomodei com ele, era um indivíduo que estava ali sempre na mesma posição. Sem se quer se movimentar. Já sabia até a cor minha vida. Coisa que eu nem mesmo sei. Parece que ele era meu subconsciente. Mudo. Mas observador, calado e esperto. Era algumas das qualidades daquela bolinha. Alguns chamavam de pontinho, outros de caroço ou de bolinha, mais ele nem ligava. Dava um gelo completamente a essas pessoas. Se bem que ele nunca se apresentou de verdade ou alguém nunca se apresentou ele. Nem mesmo eu me apresentei! Por isso que não tinha nome certo. Era um verdadeiro sem nome.
Um dia descobri que aquela bolinha não passava de um espinho. Um espinho? Sim, e ainda mais de mandacaru. Aquele cacto do nordeste, que lembra muito o deserto e a seca. Ele já estava ali há anos. Eu nunca imaginei que seria isso. Pra mim era mais uma veia, um caroço, um doença, mas, nunca um espinho. Que coisa mais estranha, anormal. O pior que nem tive tempo de me despedir. Isso foi o mais chato! Deixei ele morar ali por tanto tempo e ele nem disse adeus. E por que ele teve de partir logo agora?
Como isso pôde acontecer? Será que foi o destino? Será que um descuido? Sei lá! Mas, qual dessas hipóteses pode ser verdadeira? E agora o que vai acontecer comigo e com o meu tecido? Qual será meu passa-tempo? Quem vai me ajudar a esquecer aquelas conversas chatas? E agora, o que faço? O que faço?
A única coisa que posso dizer é: O tempo é o ser mais misterioso e complicado que existe. E digo mais: O tempo é sábio em suas decisões.

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