quarta-feira, 22 de abril de 2009

A Chuva – Por Jenfte Alencar

O dia estava chuvoso. Na janela observava os pingos de chuva caindo lentamente. De repente os pingos começam a rolar mais rapidamente. Um clarão bem iluminado cobria toda a cidade e o barulho que fazia estava insuportável, não dava nem se quer para descansar. Já não escutava os meus pensamentos. A água passava pelo córrego como se uma grande enxurrada tivesse alagado o nosso bairro, limpando as impurezas que as pessoas deixam. A alegria dos meninos correndo na chuva, me contagiava só de vê-los brincando, rindo, cantando, bagunçando e sendo felizes. Era realmente um espetáculo para os meus olhos e música para os meus ouvidos. Não tinha ao certo um som definido, era simplesmente a variedade e mistura dos barulhos feitos pela chuva e pelas crianças. O céu estava lindo uma cor meio que alaranjada, avermelha, com um pontinho amarelo no meio dele. Era nada mais que a lua. A lua que tentava iluminar e sobreviver no meio da tempestade. Lutando contra as nuvens que queriam cobri-la. Cansada de tanto lutar, já exausta e sem forças, ela desaparece em meio às nuvens alaranjadas. Passei mais alguns minutos na janela com esperança dela voltar. Queria tanto me despedir e agradecer por me dar esperança naquele momento de medo. Ela foi uma verdadeira guerreira lutando contra todas as nuvens. Quem me dera também lutar contra os meus inimigos, que me perseguem até mesmo quando estou descansando. Sinto-me tão diferente com meus amigos, parece que a cada dia que passa estou me afastando mais e mais deles, é como se a amizade fosse acabando e se transformando apenas em mais um de meus colegas que convivo. Não sei quanto tempo isso ainda vai durar, mas espero que passe logo. Que eu possa novamente contar com eles. Agora só aquela redonda e imensa lua, que antes até me dava medo é quem me faz ficar mais próximo dos amigos. E quem me faz companhia. E quando não a vejo... Sinto-me tão vazio... Passei tanto tempo olhando, pensando, viajando, vivendo algo que ainda pode acontecer, que nem reparei quando a chuva parou. Quando os pingos não corriam mais. Quando a água estava secando nas ruas. E os meninos que faziam toda aquela festa já não estavam mais ali, brincado. Olho para o céu e vejo novamente a lua que clareia aquele céu escuro. As primeiras estrelinhas surgem no céu, circulando a lua por ter voltado. Sei que tudo passa tudo muda, nada é igual a nada, mais que ainda existe esperança para aqueles que lutam como guerreiros. Como vencedores...

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